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06 novembro 2009

“O Sábado não é tão importante assim. Você não acha?” Romanos 14:2, 4 e 5

Essa foi a conclusão de um irmão que tentou me levar ao mesmo posicionamento dele, “baseando-se” em Romanos 14. Pretendo fazer um estudo com você sobre o texto, especialmente dos versos 2 e 5, usados para “ensinar” que “a Bíblia considera débil na fé quem não come carnes imundas e quem ainda se preocupa em guardar o Sábado”. Acrescentarei alguns grifos:

VERSOS 1 e 2: “Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões. Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes”

O problema na igreja de Roma não é a questão das carnes imundas e muito menos a dieta vegetariana. Pelos seguintes motivos:

1) Na mesa de um judeu não havia carne de porco (Deuteronômio 14:8). Portanto, Paulo não poderia estar nessa carta tratando do assunto;

2) A dieta vegetariana (que cada pessoa escolhe segundo as instruções que Deus dá) foi dada pelo próprio Deus, em um mundo sem pecado (Gênesis 1:29). Se uma pessoa é “débil na fé” por ser vegetariana, então teremos de dizer o mesmo sobre Deus – o que seria uma blasfêmia. Contradiria a ciência, que prova serem os vegetarianos as pessoas que têm uma média de vida maior.

Além disso, seria um contraposto com a vida do profeta Daniel. Ele não comeu as comidas imundas que havia na mesa do rei de babilônia (Daniel 1:8) e teve excelentes resultados! Veja:

“No fim dos dez dias, a sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei.” Daniel 1:15.

“Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel deu inteligência de todas as visões e sonhos. Vencido o tempo determinado pelo rei para que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe à presença de Nabucodonosor. Então, o rei falou com eles; e, entre todos, não foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso, passaram a assistir diante do rei. Em toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino.” Daniel 1:17-20.

Alguém terá coragem de negar a eficácia da alimentação saudável na vida de Daniel, sem o uso de carnes imundas?

Voltando a Romanos 14, o “débil na fé” mencionado no segundo verso é o mesmo cristão de 1 Coríntios 8, mencionado especialmente no verso quatro. A maioria dos estudiosos acredita que Paulo escreveu aos Romanos quando estava em Corinto. E, sabe-se que tanto as cartas de Romanos quanto a de 1 Coríntios foram escritas na mesma década. Isso indica que para entendermos o problema enfrentado em Roma precisamos saber que a mesma dificuldade estava havendo em Corinto (um pouco antes).

Por isso, quando lemos 1 Coríntios 8:4 chegamos facilmente à conclusão de que o “débil na fé” era aquela pessoa que tinha tanto medo de comer uma carne que tivesse sido sacrificada a um ídolo que só comia legumes. No açougue (ou mercado) a pessoa ficava num impasse tão grande em não comprar uma carne que pudesse ter sido dedicada a um deus pagão que acaba decidindo viver só à base de vegetais.

Portanto, o apóstolo não está “abolindo” uma lei dietética (de não comer carnes imundas) sendo que ele mesmo a seguia (Atos 25:8).

VERSO 5: “Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente.”

Precisamos considerar algumas coisas e o contexto histórico judaico para sabermos o que Paulo quis dizer nesse verso.

1) O termo “iguais” não se encontra no original grego. O tradutor, na boa intenção de tornar o texto mais claro, colocou a palavrinha. Mas, não era a ideal. No original, a segunda parte do verso 5 é assim: “outro julga… todos os dias”. Veja que no grego não é possível definir com base apenas nesse verso a que dias o escritor se refere.

2) Levando-se em consideração textos como Atos 16:13; 17:2, 18:3-4 e 11, de forma alguma podemos supor que Paulo estivesse tratando do dia de repouso em Romanos 14:4 e 5. Se o fizesse, estaria indicando ter algum tipo de problema mental, pois, em certos lugares (mesmo em territórios não judeus, como lemos em Atos 16:13) ele guardava o Sábado e depois ensinava que não deveria fazer isso… Uma contradição sem tamanho…

Se Romanos 14:4, 5 estivesse abolindo o quarto mandamento (Êxodo 20:8-11) da eterna Lei de Deus (Salmo 119:152), os próprios irmão que observam o primeiro dia da semana teriam que deixar de guardar o domingo (pois, o texto “diz” que um dia em si não é importante…).

O dominguista Russel N. Champlin em seu comentário reconhece que não é possível provar que a guarda do Sábado esteja sendo questionada em Romanos 14:5: “Não dispomos de meios para julgar, com base neste texto, nem com toda a certeza, se Paulo queria incluir ou não o sábado na lista dos vários dias especiais que os irmãos ‘débeis na fé’ insistiam em observar”. (CHAMPLIN, Russel Norman. “O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo”, vol. 3, p. 839. Citado por Alberto Ronald Timm em O Sábado Nas Escrituras, p. 69.)

3) Se lermos o verso 6 de Romanos 14, veremos que “os dias” mencionados no verso 5 estão relacionados a comer ou não:

“Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus.”

Lendo o Didaquê (obra judaica) não fica difícil sabermos que os “dias” citados por Paulo, em conexão com as expressões “quem come” e “quem não come”, se referem a dias de jejum!

“O Didaquê 8:1 era incisivo em admoestar os cristãos a “não jejuarem com os hipócritas no segundo e quinto dia da semana, mas no quarto e sexto dias”. (“Consultoria Doutrinária”. SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979, p. 142.)

A questão era jejuar ou não em certos dias da semana e não se o Sábado deveria ou não ser guardado. Paulo argumentou: “cada um escolha os dias que quiser para fazer o próprio jejum”.

Como a Bíblia se torna simples quando permitimos que ela mesma se explique!

CONCLUSÃO

Romanos 14:4, 5 não pode ser usado em apoio à doutrina antinomista (contra a lei – nomos, no grego). E, com base nessas conclusões apoiadas pela Bíblia respondo à “pergunta” que faz parte do título desse artigo: “Irmão: o Sábado é bem importante, pois, é um memorial do Criador (Êxodo 20:8-11), do Deus Salvador (Deuteronômio 5:15), do descanso na graça que podemos desfrutar todos os dias (Hebreus 4) e um sinal de fidelidade a Ele nos últimos dias (Apocalipse 14:6, 7; compare com Êxodo 20:11 e Ezequiel 20:12, 20, 21).”

Finalizo com um testemunho de fidelidade a Deus que derruba qualquer “argumento” contra os mandamentos do Criador. Foi registrado no blog por Giselle B. Oliveira, do RS:

Sou Adventista desde 2008 e tenho um testemunho que mudou definitivamente minha postura em relação ao Sábado.

Estava na faculdade e havia uma cadeira muito difícil de entender. Por isso, havia aulas com monitores em horários diferentes para os alunos que quisessem aprender mais, e consequentemente, ire bem na prova.

As melhores aulas de monitoria ocorriam no Sábado, das 8h às 12h. Apenas uma delas caía na segunda-feira, com duração de uma hora. Eu precisava muito participar e todos os meus colegas participavam. Já estava ficando nervosa e ainda não era batizada, mas frequentava a igreja algumas vezes. Então me surgiu a dúvida: “Será que vou? Acho que devo ir porque todos estão indo e dizendo que é ótimo”. Pensei que se eu não fosse, não conseguiria ser aprovada.

Meu noivo, que também ainda não era batizado na época, mas, estava congregando na igreja comigo, me mostrou João 15:7 (“Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito”). Quando li isso eu disse na hora: “não vou ir às aulas [no Sábado]”.

Não nenhuma aula de Sábado, mesmo tendo sido ministradas várias. Fiz apenas uma matéria na segunda-feira.

Quando chegou o dia da prova – por mais incrível que pareça – eu estava tranquila. Não sei como e de onde vinha a tranqüilidade, enquanto meus colegas, que haviam estudado bem mais, estavam muito nervosos.

Resultado: somente eu e mais um colega acertamos todas as questões da prova. Todos os que haviam aceitado aulas aos Sábados acertaram pouquíssimas questões. Foram mal nesta prova e alguns até choraram.

Voltei sorrindo para casa como se tivesse certeza que Deus me ajudou. Só eu sei a certeza que tive naquele momento. Também não me restaram mais dúvidas de que devo guardar o Sábado.

Espero que o presente estudo e essa linda história de fé motivem você, amigo internauta, a ser fiel a Deus inclusive na guarda do Sétimo Dia, que Ele escolheu para Si (Gênesis 2:1-3; Êxodo 20:8-11).

Um abraço,

Leandro Quadros.

Fonte: http://www.novotempo.org.br/namiradaverdade/?p=538

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