Na Bíblia, especialmente no contexto do Judaísmo do período do Segundo Templo (aproximadamente 516 a.C. a 70 d.C.), vários grupos religiosos e seitas são mencionados. Cada um tinha suas próprias crenças, práticas e influências na vida religiosa e social da Judeia. Aqui estão os principais grupos religiosos mencionados:
1. Fariseus
- Características: Os fariseus eram um grupo religioso e político que enfatizava a importância da Lei Oral e Tradicional, além da Lei Escrita (Pentateuco). Eles acreditavam na ressurreição dos mortos, na existência de anjos e espíritos, e na vida após a morte.
- Visão: Tinham uma abordagem mais flexível e interpretativa da Lei, adaptando-a às circunstâncias da vida diária. Eram conhecidos por seu zelo religioso e por suas práticas de pureza.
- Referências Bíblicas: Mateus 5:20; Mateus 23; Atos 15:5; Atos 23:6-8.
2. Saduceus
- Características: Os saduceus eram predominantemente membros da aristocracia sacerdotal e do círculo político. Aceitavam apenas os cinco primeiros livros da Bíblia (Pentateuco) e rejeitavam outros escritos e tradições orais.
- Visão: Negavam a ressurreição dos mortos, a existência de anjos e espíritos, e acreditavam que a recompensa e punição divina se limitavam a esta vida.
- Referências Bíblicas: Mateus 22:23-33; Marcos 12:18-27; Atos 4:1-2; Atos 23:6-10.
3. Essênios
- Características: Os essênios eram um grupo ascético que se retirava da sociedade para viver em comunidades isoladas, como em Qumran. Eles tinham uma vida de rigorosa pureza e esperavam a vinda de um Messias.
- Visão: Enfatizavam a vida comunitária e a pureza ritual. Sua literatura, incluindo os Manuscritos do Mar Morto, revela suas crenças e práticas distintas.
- Referências Históricas: Embora não sejam amplamente mencionados no Novo Testamento, sua existência é confirmada por escritores antigos, como Flávio Josefo e Filon de Alexandria. Os Manuscritos do Mar Morto, encontrados em Qumran, são atribuídos aos essênios.
4. Zelotes
- Características: Os zelotes eram um grupo revolucionário que se opunha à dominação romana e buscava a independência judaica. Eles eram conhecidos por sua resistência ativa e por lutar contra a ocupação romana.
- Visão: Enfatizavam a luta armada contra os romanos e a purificação da nação judaica. Eram menos focados em aspectos religiosos e mais em objetivos políticos e sociais.
- Referências Bíblicas: Simão, um dos doze apóstolos de Jesus, é descrito como "Simão, o Zelote" (Lucas 6:15; Atos 1:13). Referências aos zelotes também são encontradas em obras de Flávio Josefo.
5. Herodianos
- Características: Os herodianos eram partidários da dinastia de Herodes e tinham uma posição política favorável ao governo romano. Eles eram menos um grupo religioso e mais uma facção política.
- Visão: Alinhavam-se com os interesses de Herodes e do poder romano, em contraste com os fariseus e outros grupos que se opunham à dominação romana.
- Referências Bíblicas: Mateus 22:16; Marcos 3:6; Marcos 12:13.
6. Nazarenos
- Características: Os nazarenos eram seguidores de Jesus Cristo e se distinguiam como o primeiro grupo de cristãos. O termo "nazareno" foi usado para se referir a Jesus e aos seus seguidores.
- Visão: Eles acreditavam que Jesus era o Messias prometido e seguiam seus ensinamentos. O cristianismo primitivo começou como uma seita dentro do Judaísmo antes de se expandir para além dele.
- Referências Bíblicas: Mateus 2:23; Atos 24:5.
7. Heloístas (ou Elóístas)
- Características: Embora menos conhecidos e não amplamente documentados na Bíblia, os helóístas eram um grupo associado com práticas e crenças específicas, como o uso de fórmulas e práticas de oração.
- Visão: Suas crenças e práticas são menos detalhadas na Bíblia e mais conhecidas através de textos históricos e literatura rabínica.
Resumo:
Esses grupos representavam uma diversidade de crenças e práticas dentro do Judaísmo do período do Segundo Templo. Cada um deles tinha suas próprias interpretações da Lei, práticas religiosas e visões sobre questões importantes como a ressurreição, a vida após a morte e a relação com o poder romano. As interações entre esses grupos, bem como com Jesus e os primeiros cristãos, são uma parte crucial da narrativa bíblica e ajudam a entender o contexto em que os eventos do Novo Testamento ocorreram.