Essa questão tem gerado algumas divergências, mas que não precisam causar desarmonia nas igrejas cristãs.
Alguns comentaristas acreditam – e assim posiciona-se o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia – que, realmente, a filha de Jefté foi sacrificada. Outros, como por exemplo, o professor de Teologia no Unasp (que hoje descansa no Senhor), Pedro Apolinário, acreditam que na verdade ela não foi sacrificada, mas sim devotada à perpétua virgindade.
(Querendo aprofundar-se no estudo do tema recomendo a leitura do livro do professor Apolinário, intitulado Leia e Compreenda Melhor a Bíblia – Imprensa Universitária Adventista)
O detalhe é que, de acordo com o original hebraico, as duas teses podem ser defendidas:
O texto de Juízes 11:31 também poderia ser traduzido da seguinte forma: “… será do Senhor e lhe oferecerei [a Deus] um holocausto [ou seja, de um animal]” ao invés de “… será do Senhor, e eu o oferecerei [uma pessoa] em holocausto”.
Os defensores do sacrifício da filha de Jefté argumentam (entre outras coisas) que (1) Deus poderia ter perdoado a atitude de seu servo imprudente (o que é verdade, pois o perdão do Senhor é ilimitado) e que, (2) se a filha dele fosse apenas dedicada à perpétua virgindade, não necessitaria de dois meses para chorá-la.
Já os que não adotam essa linha de interpretação (eu, por exemplo) afirmam que (1) ela necessitou de dois meses para chorar pela sua perpétua virgindade não porque iria morrer, mas sim porque o voto de seu pai era de natureza irremissível e que, (2) seria difícil provar que Jefté fosse ignorante em relação às leis de Deus em relação aos sacrifícios humanos, expostas em Levítico 18:21; 20: 2-5; Deuteronômio 12:31; 18:10, etc. Por isso (por ter tido fé em Deus e não por ter sacrificado cruelmente a filha), Jefté pôde ser mencionado na galeria dos heróis da fé em Hebreus 11 (verso 32).
Seja qual for a opinião que adotemos, não nos esqueçamos de que o mais importante é respeitarmos nossos irmãos e, de forma alguma, ferirmos a consciência de quem pensa diferente sobre esse texto bíblico. A compreensão ou não desse tipo de detalhe não interferirá em nossa salvação individual e muito menos em nosso entendimento do caráter amoroso de Deus.
Leandro Soares de Quadros - Jornalista – consultor bíblico(vide fonte)
A história de Jefté e o sacrifício de sua filha é uma das narrativas mais trágicas e complexas do Antigo Testamento. Ela é encontrada no livro de Juízes, capítulo 11. Aqui está um resumo e uma análise do porquê Jefté sacrificou sua filha:
Resumo da História
Jefté era um guerreiro poderoso e juiz de Israel. Antes de uma importante batalha contra os amonitas, Jefté fez um voto precipitado ao Senhor: "Se entregares os amonitas nas minhas mãos, quem primeiro sair da porta da minha casa para me encontrar quando eu voltar vitorioso da guerra contra os amonitas será do Senhor, e eu o sacrificarei em holocausto" (Juízes 11:30-31).
Deus concedeu a vitória a Jefté, e quando ele voltou para casa, sua filha, sua única filha, saiu ao seu encontro dançando e tocando tamborins. Ao vê-la, Jefté rasgou suas roupas em desespero, pois lembrava do voto que havia feito. Apesar de seu lamento, ele se sentiu obrigado a cumprir seu voto.
Por Que Jefté Sacrificou Sua Filha?
Voto Irrefletido: Jefté fez um voto sem considerar as possíveis consequências. Ele não especificou quem ou o que deveria sair da sua casa, o que levou a uma situação trágica.
Cultura e Contexto: No contexto cultural da época, os votos a Deus eram considerados extremamente sérios e invioláveis. Quebrar um voto poderia ser visto como um ato de grande desonra e desobediência a Deus.
Interpretação do Voto: Algumas interpretações sugerem que Jefté poderia ter entendido o voto de forma literal e acreditava que deveria realmente sacrificar sua filha como holocausto. Outros sugerem que o sacrifício poderia significar dedicá-la ao serviço de Deus, talvez em celibato, embora o texto não dê suporte claro a essa interpretação.
Falta de Conhecimento Teológico: Jefté pode não ter tido um entendimento completo das leis de Deus. Em várias passagens do Antigo Testamento, Deus claramente proíbe sacrifícios humanos (Deuteronômio 12:31; 18:10). A tragédia pode refletir a ignorância ou a desesperada sinceridade de Jefté.
Reflexões Teológicas
Natureza dos Votos: A história destaca a importância de considerar cuidadosamente os votos e promessas feitas a Deus. Ela ensina a necessidade de sabedoria e discernimento espiritual.
Tragédia e Lamentação: O relato sublinha a tragédia de decisões precipitadas e as consequências dolorosas que podem resultar. Ele também reflete sobre a seriedade com que os votos eram tratados na cultura israelita antiga.
Miséria Humana e Misericórdia Divina: A narrativa levanta questões sobre o sofrimento humano e a natureza da misericórdia divina. Embora Deus tenha dado a vitória a Jefté, a história mostra como o mal-entendido humano e os atos precipitados podem levar a tragédias pessoais.
Em resumo, Jefté sacrificou sua filha por causa de um voto precipitado e uma interpretação rigorosa de seu compromisso. A história serve como um aviso sobre a seriedade dos votos feitos a Deus e a necessidade de agir com sabedoria e discernimento em questões espirituais.
Fonte: http://www.novotempo.org.br/namiradaverdade/?p=114
Só para refletir:
ResponderExcluirSei que é muito doloroso pensar em alguém sacrificando seu/sua filho(a). Ainda mais se for o(a) único(a). Mas será que Deus não quis usar a vida e o ato de Jefté para que nós, seres humanos, sentíssemos o quão doloroso foi para o Pai o sacrifício de Seu Único Filho Jesus??? De forma semelhante, Deus usou a vida o casamento de Oséias ao mandá-lo tomar para si uma mulher prostituta por esposa sabendo que ela o trairia novamente, aludindo o fato de que Israel assemelha-se a mulher de Oséias ao trair o Senhor indo após deuses estranhos e Deus, da mesma forma que Oséias foi ao encontro do Seu povo quando este se encontrava em meio a prostituição espiritual.
Outro caso foi o de Ezequiel:
Deus avisou ao profeta que sua mulher morreria - aquela que era a delícia de seus olhos (Ez 24:21)- e mandou-o não lamentar, não chorar, nem que sequer desça uma lágrima por seu rosto. Pois Deus decidiu usar a vida e o acontecido com Ezequiel para que o povo sentisse a mesma dor ao ver o Santuário destruído (que também era a delicia dos olhos do povo).
Em muitas ocasiões, Deus sabia que só seria compreendido por seu povo caso viesse a utilizar-se de situações de foro humano que causasse espanto e temor quando fatos como estes acima citados acontecesse. A isto a teologia chama de "antropopatia", ou seja, atribuição de sentimentos humanos à divindade. Deus utilizou-se de sentimentos humanos para que o humano compreendesse os Seus sentimentos.
Volto à pergunta inicial: Será que Deus não quis que sentíssemos a dor da entrega de Seu Único Filho da mesma forma como seria doloroso o sacrifício da única filha de Jefté?