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26 junho 2025

Bíblia do Percevejo

 Contexto histórico

A expressão “Bíblia do Percevejo” surgiu por volta de 1535, na edição da Bíblia traduzida por Myles Coverdale. No Salmo 91:5, essa versão dizia:

“Thou shall not nede to be afrayed for eny bugges by night.”

Traduzido literalmente: “Não deves temer os percevejos à noite.”
Naquele inglês arcaico, a palavra “bugges” significava “espectros” ou “fantasmas”, e não insetos como entendemos hoje.

Origem do nome

O apelido “Bíblia do Percevejo” deriva desse versículo, que parece, à luz do inglês moderno, estar falando sobre insetos. Na verdade, tratava-se de uma tradução fiel à linguagem da época, mas que, com o tempo, ficou desatualizada e acabou gerando confusão.

Análise da tradução inusitada

Esse caso não é exatamente um erro, mas sim uma consequência da evolução semântica da língua inglesa. A palavra “bugge”, no inglês médio, significava algo assustador, como um espírito maligno ou criatura sobrenatural.

Com o passar dos séculos, o significado da palavra “bug” mudou para se referir a insetos. Assim, a frase que no século XVI era compreendida como “espíritos noturnos” passou a ser entendida erroneamente como “percevejos”.

O “erro” de tradução

Embora não seja um erro técnico, o versículo se tornou confuso para leitores posteriores. Por isso, traduções seguintes, como a King James Version de 1611, optaram por atualizar o texto. No lugar de “bugges”, passaram a usar expressões como “terror by night” (terror noturno), alinhando-se melhor com o sentido original do hebraico.

Outras edições, como a Great Bible de 1549, também corrigiram a ambiguidade.

Reação da Igreja ou das Autoridades da Época

Ao contrário de outros casos mais graves — como a “Wicked Bible”, que omitiu o “não” no mandamento sobre adultério e foi formalmente condenada — a “Bíblia do Percevejo” não provocou uma reação institucional severa.

Na época, a tradução de Coverdale foi uma das primeiras tentativas oficiais de tornar a Bíblia acessível ao público em inglês, e era politicamente apoiada pela Reforma Protestante. A confusão gerada pelo termo “bugges” só foi percebida posteriormente, quando o significado da palavra mudou. Assim, embora hoje pareça um erro cômico, na época passou praticamente despercebido pelas autoridades religiosas.

Impacto e repercussão

A "Bíblia do Percevejo" virou um exemplo clássico de como mudanças no idioma podem alterar a interpretação de textos sagrados. Seu caso é frequentemente citado em estudos sobre tradução bíblica e linguística histórica.

Ela também faz parte de uma tradição de bíblias apelidadas por seus erros ou escolhas incomuns de tradução, como a “Wicked Bible”, que omitiu o “não” do mandamento “Não cometerás adultério”, e a “Breeches Bible”, que traduziu “tábuas” por “calções”.

Significado histórico e cultural

Este caso revela como as traduções bíblicas estão profundamente ligadas ao contexto cultural e linguístico de sua época. Ele mostra a necessidade de cautela ao interpretar traduções antigas sem conhecimento do idioma original ou do estágio da língua na época da tradução.

Culturalmente, a “Bíblia do Percevejo” é um lembrete de que erros de tradução — ou mudanças semânticas não intencionais — podem causar repercussões duradouras e até cômicas.

Conclusão

A “Bíblia do Percevejo” não foi fruto de ignorância ou descuido, mas de uma linguagem que evoluiu ao ponto de tornar uma tradução antiga em algo cômico ou estranho para os leitores modernos.

Ela continua sendo um exemplo importante nos estudos de tradução, linguística e história da Bíblia, ilustrando o quanto a linguagem influencia nossa compreensão de textos sagrados e a importância de contextualização histórica ao lidar com traduções religiosas.

Referências

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