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15 maio 2012

Óstracos


















Cacos de Cerâmica

Os óstracos são cacos de cerâmica freqüentemente utilizados como material de escrita entre as classes mais pobres da antigüidade. Exemplo do uso desse meio de escrita é uma cópia dos evangelhos registrados em vinte peças de óstracos. Seriam o que se poderia chamar "a Bíblia do pobre".

Essas peças de cerâmica (v. Is 45.9) permaneceram negligenciadas pelos estudiosos durante muito tempo, mas haveriam de lançar mais luz ao texto bíblico. Allen P. Wikgren relacionou cerca de 1 624 amostras desses humildes registros da história, em sua obra intitulada Greek ostraca [Óstracos gregos].1(vide fonte)

Os ostracos com fragmentos da época bíblica

A BÍBLIA é a inspirada Palavra de Deus. (2 Timóteo 3:16) O que ela diz sobre pessoas, lugares e situações religiosas e políticas dos tempos antigos é exato. A autenticidade das Escrituras certamente não depende de descobertas arqueológicas, embora tais descobertas confirmem ou esclareçam nosso entendimento do registro bíblico.

Os itens encontrados em maior quantidade nas escavações em antigos sítios arqueológicos são fragmentos ou pedaços de cerâmica. Esses fragmentos são também chamados de óstracos, da palavra grega para “concha, caco”. Pedaços de cerâmica eram usados como material de escrita barato em muitos lugares do Oriente Médio antigo, incluindo o Egito e a Mesopotâmia. Óstracos eram usados para registrar contratos, relatórios contábeis, vendas, e assim por diante, do mesmo modo como hoje se usam blocos de anotações e folhas de papel. Geralmente escritos a tinta, os textos nos óstracos variavam de apenas uma palavra a muitas dezenas de linhas ou colunas.

Escavações arqueológicas em Israel já descobriram muitos óstracos dos tempos bíblicos. Três coleções, datadas do sétimo e oitavo séculos AEC, são de especial interesse, pois confirmam vários detalhes das informações históricas contidas na Bíblia. São as coleções de óstracos de Samaria, de Arade e de Laquis. Vamos conhecer melhor cada uma dessas coleções.

 Os óstracos de Samaria

Samaria foi a capital do reino setentrional de Israel, composto por dez tribos, até sua queda para os assírios em 740 AEC. Segundo 1 Reis 16:23, 24, no trigésimo primeiro ano do reinado de Asa, rei de Judá (por volta de 947 AEC), Onri adquiriu o monte de Samaria de Semer por dois talentos de prata e fundou a cidade que levaria seu nome. A cidade continuou a existir até a era romana, quando foi renomeada para Sebaste, desaparecendo finalmente como cidade no sexto século EC.

Durante escavações em Samaria em 1910, arqueólogos descobriram uma coleção de óstracos datados do oitavo século AEC. Esses óstracos registravam carregamentos de óleo e vinho que chegavam a Samaria de várias localidades vizinhas. Comentando essa descoberta, o livro "Ancient Inscriptions—Voices From the Biblical World" descreve os 63 óstracos encontrados como um dos conjuntos mais importantes de inscrições antigas de Israel que sobreviveram. Sua importância não reside apenas no conteúdo, mas também no extenso inventário de nomes de israelitas, clãs e locais geográficos. Como esses nomes confirmam os detalhes do registro bíblico?

Quando os israelitas conquistaram a Terra Prometida e a dividiram entre as tribos, a região de Samaria foi atribuída à tribo de Manassés. Conforme Josué 17:1-6, os descendentes de Manassés, através de seu neto Gileade, receberam lotes de terra nessa área. Entre eles estavam os clãs de Abiezer, Heleque, Asriel, Siquém e Semida. Hefer, o sexto na lista, não teve filhos homens, mas cinco filhas: Maala, Noa, Hogla, Milca e Tirza, cada uma recebendo uma parte de terra (Números 27:1-7).

Os óstracos de Samaria preservam sete desses nomes de clã — os cinco filhos de Gileade e duas netas de Hefer, Hogla e Noa. De acordo com a NIV Archaeological Study Bible, "Os nomes de clã preservados nos óstracos de Samaria estabelecem uma conexão adicional, além do que está registrado na Bíblia, entre os clãs de Manassés e o território onde se estabeleceram". Assim, esses óstracos confirmam aspectos da história antiga das tribos de Israel conforme registrados na Bíblia.

Além disso, os óstracos de Samaria lançam luz sobre a situação religiosa dos israelitas na época, conforme descrita na Bíblia. Durante o período dos óstracos de Samaria, os israelitas frequentemente misturavam a adoração de Jeová com a adoração do deus cananeu Baal. A profecia de Oséias, do mesmo período, previa um tempo em que Israel, arrependido, chamaria Jeová de "meu esposo" ao invés de "meu baal" (Oséias 2:16, 17, nota). Alguns nomes encontrados nos óstracos de Samaria significam "Baal é meu pai", "Baal canta", "Baal é forte", "Baal se lembra" e similares. A proporção de nomes pessoais contendo alguma forma de "Jeová" é menor em comparação aos que contêm "Baal".

Os óstracos de Arade

Arade era uma antiga cidade localizada numa região semi-árida chamada Negebe, ao sul de Jerusalém. Durante as escavações em Arade, foram reveladas seis fortalezas israelitas consecutivas, desde os dias do reinado de Salomão (1037-998 AEC) até a destruição de Jerusalém pelos babilônios em 607 AEC. Os escavadores recuperaram de Arade a maior coleção de óstracos dos tempos bíblicos, incluindo mais de 200 objetos com inscrições em hebraico, aramaico e outros idiomas.

Alguns dos fragmentos de Arade corroboram as informações bíblicas sobre famílias sacerdotais. Por exemplo, um deles menciona “os filhos de Corá”, referidos em Êxodo 6:24 e Números 26:11. Os cabeçalhos dos Salmos 42, 44-49, 84, 85, 87 e 88 atribuem esses salmos especificamente aos “filhos de Corá”. Outras famílias sacerdotais mencionadas nos óstracos de Arade incluem as de Pasur e Meremote, conforme registrado em 1 Crônicas 9:12 e Esdras 8:33.

Um exemplo notável é um fragmento de cerâmica encontrado nas ruínas de uma fortaleza, datando do período pouco antes da destruição de Jerusalém pelos babilônios. O fragmento era endereçado ao comandante da fortaleza e, de acordo com a publicação The Context of Scripture, incluía a expressão: “A meu senhor Eliasibe. Que Iavé [Jeová] se preocupe com teu bem-estar... A respeito do assunto sobre o qual me deste ordens: está tudo bem agora; ele permanece no templo de Iavé.” Muitos estudiosos acreditam que este templo se refere ao de Jerusalém, originalmente construído nos dias de Salomão.

Os óstracos de Laquis

A antiga cidade-fortaleza de Laquis situava-se aproximadamente a 45 quilômetros a sudoeste de Jerusalém. Em escavações realizadas em 1930, foi descoberto um conjunto de fragmentos, dos quais pelo menos 12 eram cartas descritas como “extremamente importantes... por sua explicação da situação política e do tumulto geral que prevalecia enquanto Judá se preparava para o inevitável ataque do rei babilônio Nabucodonosor”.

As cartas mais significativas incluem correspondência entre um oficial subordinado e Yaosh, provavelmente o comandante militar em Laquis. A linguagem dessas cartas é similar à usada pelo profeta contemporâneo Jeremias. Considere como duas delas corroboram a descrição bíblica desse período crítico.

Jeremias 34:7 descreve o tempo em que “as forças militares do rei de Babilônia lutavam contra Jerusalém e contra todas as cidades de Judá que sobravam, contra Laquis e contra Azeca; porque elas, as cidades fortificadas, eram as que restavam dentre as cidades de Judá”. Uma das Cartas de Laquis parece descrever os mesmos eventos, mencionando: “Estamos atentos aos sinais [de fogo] de Laquis... porque não podemos ver Azeca.” Muitos estudiosos interpretam isso como indicação de que Azeca havia caído perante os babilônios e que Laquis seria a próxima a ser conquistada. Um detalhe interessante é a referência aos “sinais de fogo”, mencionados também em Jeremias 6:1.

Outra Carta de Laquis parece confirmar o que os profetas Jeremias e Ezequiel disseram sobre os esforços do rei de Judá para obter ajuda do Egito na rebelião contra Babilônia. A carta menciona: “Agora seu servo recebeu a seguinte informação: o general Konyáhu, filho de Elnatã, foi para o sul a fim de entrar no Egito.” Essa ação é frequentemente interpretada como um esforço para buscar assistência militar do Egito, conforme descrito por Jeremias 37:5-8; 46:25, 26 e Ezequiel 17:15-17.

Os óstracos de Laquis também mencionam vários nomes que aparecem no livro de Jeremias, como Nerias, Jaazanias, Gemarias, Elnatã e Osaías (Jeremias 32:12; 35:3; 36:10, 12; 42:1). Embora não se possa afirmar com certeza se esses nomes se referem às mesmas pessoas, a similaridade é notável, considerando que Jeremias viveu nesse período.

Um aspecto comum

As coleções de óstracos de Samaria, Arade e Laquis confirmam vários detalhes do registro bíblico, incluindo nomes de famílias, designações geográficas e aspectos do contexto religioso e político da época. No entanto, há um importante aspecto em comum entre as três coleções.

As cartas encontradas nas coleções de Arade e Laquis frequentemente incluem expressões como “Que Jeová peça a tua paz”. Em sete das mensagens de Laquis, o nome de Deus é mencionado 11 vezes. Além disso, muitos dos nomes pessoais hebreus encontrados nas três coleções contêm a forma abreviada do nome Jeová. Assim, esses óstracos confirmam que o nome divino era usado no dia-a-dia entre os israelitas daquela época.(vide fonte 2)

Fonte: 1. Como a Biblia chegou até nós, autor Norman Geisler e William Nix
2.https://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/2007843
Imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93straco

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